D & N Convidam para O Casamento

Titulo do capítulo: Capítulo Um - 2

Autor: Ninha Cardoso

Parte 2...


— É... Você tem razão - ele pausou — E a Noeli?

— Você ficou maluco de vez? — segurou a voz para não chamar atenção das pessoas — A Noeli sempre quis estar no meio da sociedade mais alta. Ela iria querer me tirar tudo depois.

— Então só posso te desejar boa sorte, amigo.

— Não preciso de sorte. Preciso de um bom acordo.

— Cuidado na hora da escolha da noiva.

— Não será uma noiva e sim uma parceira. Eu dou a ela o que precisa para ter a vida que sonha e em troca ela me ajuda a ter o que quero. Já te disse, é simples.

— Ah, é sim... Muito simples — dava para sentir o tom de sarcasmo dele.

— Não enche, vai à merda!

Uma mulher na mesa ao lado olhou para ele de cara fechada ao ouvir o xingamento.

— Olha, depois a gente se fala mais.

— Qualquer coisa me manda uma mensagem. Eu vou te socorrer se precisar — disse rindo.

— Vai se foder, Diogo.

A mulher arregalou os olhos de novo e ele virou a cara.

— Eu só não quero que você se foda — gargalhou — Sua ideia de namoro é péssima. Não sabe tratar uma mulher.

— Olha, só não digo o que você tem que fazer porque está cheio de gente aqui.

Diogo gargalhou do outro lado. Falava de propósito.

Nicolau desligou prometendo que depois iria ligar para contar como foi a reunião com o senhor Fussô. Ele guardou o celular no bolso do sobretudo e deu outra olhada pelo lugar. Estava mais atrasado ainda e isso não era bom para sua imagem. Com certeza o homem deveria estar achando que ele não iria aparecer. Caminhou entre algumas mesas. A maioria ocupada com famílias ou mulheres que conversavam entre si. Não estava vendo onde estaria o homem.

Ajudaria se ele soubesse como era a aparência de Dominique Fussô, mas não tinha ideia. Nas duas vezes em que ligou para a agência, quem o atendeu foi uma secretária e depois marcou o encontro no restaurante. A secretária tinha deixado claro que o homem detestava atrasos, mas sendo ele quem era, poderia se dar ao luxo de se atrasar e ainda assim muitas pessoas fingiriam que nada havia acontecido.

Seu nome e sua conta bancária falavam mais alto. Ele não se atrasava porque não gostava, mas nesse caso, estaria isento da culpa. E com certeza que Dominique Fussô deve ter checado quem ele era e sabia bem que ter o nome dele na agência faria muita diferença. Ele tinha pouco tempo para encontrar uma garota que coubesse no seu plano e aceitasse se casar o mais rápido possível. Cada hora contava para isso. Nicolau tinha muita coisa em jogo e não aceitava perder de forma alguma. Apesar de ser contra relacionamentos, pois não acreditava nessa bobagem de amor, ele tinha alguns casos, mas não passavam disso.

Sempre que ele sentia que a mulher estava começando a ficar grudenta e exigindo demais de seu tempo e paciência, logo terminava o caso e partia para outro sem nem perder tempo, o que lhe rendeu a fama de mulherengo e cafajeste. E não se importava que falassem isso dele. Quanto maior a fama, mais ele conseguia ter amantes, todas querendo ser a mulher de sua vida que faria com que ele caísse de amor por ela.

Coitadas. Pelo menos nesse ponto ele nunca enganou nenhuma delas. Sempre deixou claro que não se envolvia ao ponto de se apaixonar e que tudo era passageiro, mas elas insistiam em não acreditar e depois ficavam magoadas, jogando a culpa toda de sua frustração em cima dele. Um engano delas. Se ele não conseguisse encontrar uma parceira que fingisse ser sua noiva até no máximo domingo, ele estaria com um problema grande. Talvez tivesse mesmo que recorrer a uma das garotas com quem teve um caso para que entrasse nessa com ele, mas isso seria uma sorte, um tiro no escuro.

Era muito melhor fazer um contrato com uma mulher desconhecida do que pedir em casamento alguma de suas ex amantes. Seria tudo o que iriam querer. Infelizmente havia muita coisa em jogo para arriscar não meter o pé em algo assim. Não apenas a fortuna de seu avô, como também a propriedade medieval e seu título.

Valia a pena cometer essa loucura. Ele tirou os óculos escuros para poder avaliar melhor. De um lado duas garotas fofocavam apontando para algo em um celular e na mesa ao lado, um casal de idosos conversavam sobre o cardápio. Excluiu as mesas de casais, as mesas com crianças e naquele lado do restaurante não viu possibilidade do homem estar ali o esperando.

 Foi para o outro lado que estava menos cheio. Da mesma forma foi excluindo as mesas que não caberiam na descrição de um homem de negócios esperando por outro. Enquanto ia caminhando pelo local, algumas cabeças se viravam para olhar para ele, curiosas. Nicolau chamava mesmo a atenção pela sua altura e pelo seu tom de pele, herdado de sua mãe espanhola.


Parou e colocou a haste dos óculos na boca, virando a cabeça devagar.


Viu um casal com um bebê no carrinho ao lado. Um rapaz muito jovem para ser o dono de uma agência de tal porte e que estava concentrado em seu notebook. Nem mesmo levantou a cabeça quando ele passou ao lado da mesa. Do outro lado do salão ele notou uma mulher de costas, com a mão apoiando o queixo e olhando pela grande janela de vidro, vendo o movimento que passava lá fora na calçada do outro lado. O cabelo loiro escuro estava preso em uma trança longa que chegava até o meio da coluna.


Parecia bem distraída. Avançou mais um pouco e viu um homem em outra mesa, a cabeça baixa, lendo algo. Ele se aproximou e o homem levantou a cabeça, o encarando, mas logo depois voltou a baixar sem lhe dar a mínima atenção. Então não seria ele também o senhor Fussô. Começava a achar que o homem havia ido embora devido o seu atraso, mas isso era de uma falta de educação enorme. Se não podia esperar por ele, que mandasse avisar para não perder tempo indo até ali. 


Por outro lado, ele não poderia julgar. Quem sabe se o homem não estaria preso no trânsito, assim como aconteceu com ele e não teve como avisar? Ele poderia estar chegando ainda. Poderia apenas ir embora e depois quando o homem ligasse ele diria a verdade. Não tinha todo o tempo do mundo para ficar aguardando.


Porém, decidiu esperar pelo menos quinze minutos. Passou por duas mesas e sentou em uma outra perto da janela também, ficando de frente para a loira que ainda estava atenta ao que acontecia lá fora. Parecia pensativa e até mesmo um pouco séria. Chamou o garçom e pediu que trouxesse uma bebida para esperar. Não ficaria de garganta seca. Olhou o relógio de novo. Quinze minutos. Vinte no máximo e depois iria embora.


Deixou a pasta na cadeira ao lado e ficou batendo os dedos na mesa, esperando seu pedido. Quando o garçom trouxe e o serviu, ele agradeceu e teve a atenção voltada para a loira um pouco adiante.

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