Filhos da Máfia

Titulo do capítulo: Capítulo 2 Flávia Venturini

Autor: Ravena


Capítulo 2


Flávia Venturini

Estava chegando na faculdade quando minha mãe me liga chorando muito. Imagino que mais uma vez ele deve ter machucado ela, isso me revolta imensamente.

Mas o que posso fazer? Absolutamente nada.

Mas só por enquanto, quero me formar e tirar minha mãe dessa vida, custe o que custar...

— Oi mamãe, eu já estou voltando, calma, chego em 20 minutos!

Volto da porta mesmo e esbarro em Gustavo quando me viro.

— Eita, calma, amor, onde vai com tanta pressa?

— Oi amor, minha mãe ligou; preciso voltar, aconteceu algo em casa.

Ele me olha, me abraça e beija minha testa. Ele é tudo que tenho mais próximo na vida. Desde que meu irmão foi para a Itália trabalhar, minha mãe é super manipulada, influenciada por meu pai. Eu não posso contar realmente com ela, pelo pavor que ela tem dele, mas a amo com todo meu coração...

— Então vai, amor, mas me dê notícias, ok?

— Assim que possível, darei sim, amor.

Saio em disparada; meu carro de aplicativo encosta, entro rapidamente e saio dali rumo à minha casa. Algo me dizia que tudo estava prestes a mudar, só não sei dizer ainda se é uma mudança boa ou não. Sempre fui sensível às coisas ao redor e minhas emoções gritavam dentro de mim o trajeto todo; mal percebi o carro chegar.

— Chegamos, senhorita. Deu 15.10$.

— Aqui, fica com o troco, obrigado.

Saio em disparada para dentro e me deparo com meu pai feliz, bebendo seu uísque, e minha mãe sentada ao lado. Fico sem entender, esperando alguma explicação...

— Ah, você chegou, ratinha, enfim você vai me dar lucro na vida.

Sinto meu estômago revirar com as palavras dele, e um medo gigante se faz presente. O que ele quer dizer com isso?

— O que houve? O que está acontecendo aqui?

— Sua mãe não te contou a boa nova?

— Você vai casar, ratinha.

Ele sempre me chamou de ratinha, era o máximo de carinho que eu recebia dele. Ele dizia que me chamava assim porque sempre me via como uma ratinha assustada, principalmente quando ele passava essas mãos nojentas pelo meu corpo. Nesse instante, as lembranças vêm e eu saio correndo para vomitar. Não, vocês não entenderam errado, desde que comecei a criar corpo, ele faz isso e ameaça matar minha mãe e meu irmão se eu contar algo. Ele só não abusa mesmo de mim porque temos que casar virgens, senão ele já teria completado o ato...

Me abaixo no sanitário e coloco tudo pra fora. Ele me vendeu como um pedaço de carne no açougue.

O que eu vou fazer agora? Eu choro e choro ali parada, o que vou fazer da minha vida, dos meus sonhos e planos? E o Gustavo, preciso falar com ele...

Me recomponho e volto para a sala, escuto sua voz que me causa repulsa pronunciando meu nome.

— Flavia, chega de drama e escute. Daqui a 20 dias, vamos para a Itália; você vai se casar logo que chegarmos, entenda, e não faça nenhuma gracinha, pois sabe o resultado!

Ele fala e olha para minha mãe e já entendo a ameaça velada dele, maldito seja...

Aceno com a cabeça e saio de casa, saio sem rumo, tento ligar várias vezes pro meu irmão e só cai na caixa...

Vou para a casa do Gustavo, ele mora sozinho, não deve ter ninguém lá, ele ainda não deve ter saído da faculdade. Chego lá e vejo que o carro dele está na garagem; deve ter voltado mais cedo. Entro com toda esperança, mesmo tendo seus defeitos, ele era meu porto seguro. A porta estava só encostada, eu entro direto e me deparo com a pior cena que eu podia ter naquele momento.

Vejo algumas peças de roupas pela sala e vou seguindo o rastro até o quarto dele, o mesmo quarto onde ele me fazia juras de amor e jurava me esperar...

Ouço os gemidos e reconheço a voz da melhor amiga dele, Lívia. Fui chamada de louca por ele várias vezes por não gostar da proximidade dos dois. Bom, eu não estava tão louca, afinal!

Me aproximo da porta e escuto a conversa de fim de transa deles...

— Gu, quando vai deixar aquela sem sal? Me fala, não aguento mais isso.

— Lívia, você sabe, é só sexo. Ela não me dá isso ainda, mas eu amo ela, então pare de se iludir que teremos algo além de cama. Transar com você é delicioso, mas a mulher que vou me casar é a Raissa; ela que eu amo...

— E se você for boazinha, quem sabe não continuamos nosso caso até depois do casamento? Afinal, arroz com feijão todo dia, com certeza vou enjoar...

Entro nesse momento no quarto, eles se assustam...

— Boa tarde, não quero atrapalhar o sexo de vocês, só vim te informar que acabou. Podem continuar, não parem por mim; vou me casar, Gustavo, mas não com você!

Junto todo meu amor próprio e me viro, segurando as lágrimas que dançavam nos meus olhos tentando cair. Gustavo era só mais um machista que queria a certinha pra casar e ter filhos, mas as outras na rua não podiam faltar, igual ao podre do meu pai...

— Amor, espera, por favor, eu sou homem, tenho minhas necessidades, não é nada disso que está pensando. Ela não significa nada pra mim.

— Gustavo, eu não significo nada pra você, ela pelo menos faz sexo com você, veja

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