
Noiva Comprada pelo CEO
Titulo do capítulo: Capítulo 1 - parte 3
Autor: Ninha Cardoso
Parte 3...
Um sorriso repugnante se formou nos lábios de Yago, um gesto que imediatamente a alertou e fez suas defesas internas se erguerem. Engoliu em seco. Ele soprou uma nuvem de fumaça do cigarro, aquela substância sufocante que parecia encapsular a atmosfera, como um reflexo de sua própria presença tóxica. Nathaly sentiu o ar se tornar mais pesado, como se o arrepio que subia por sua espinha fosse uma premonição de perigo. Nem mesmo a beleza imponente de Atenas conseguira acalmar a inquietação que a dominava desde que pisara no solo grego, no aeroporto. As ruas cheias de história e cultura poderiam ser um deleite para qualquer viajante, mas ela não estava ali em busca de uma escapada turística.
Os monumentos e obras de arte que contavam a grandiosa história do império grego serviam como um lembrete do poder daquele passado, enquanto ela enfrentava uma situação que não podia ser mais distante da idealização romântica da Grécia. A Acrópole, o Partenon, esses símbolos icônicos da civilização grega, que eram fonte de fascinação para estudantes de arte e história, agora pareciam quase irrelevantes diante do impasse que ela enfrentava.
Athenas deveria ser uma cidade de emoções positivas, mas agora estava marcada por tensão e incerteza. De novo.
— Eu estava apenas esperando o momento certo e você veio até mim.
A voz de Yago soou e as palavras foram como uma punhalada em sua resistência. Aquele tom insinuante, o tom de quem tinha conhecimento de segredos e manipulava situações, a fez sentir uma chama de raiva dentro dela. Ele revelou sua expectativa de que um dia ela bateria à sua porta, como se ele estivesse planejando todo esse encontro desde o início. A raiva se misturou com a repulsa enquanto ela o encarava. Era um homem descarado, que parecia retirar prazer de fazer com que ela se sentisse diminuída, como se ele desfrutasse da sensação de ter poder sobre ela.
Essa revelação, o entendimento de que ele não apenas estava ciente de sua vulnerabilidade, mas também se deleitava com isso, a fez sentir uma onda de nojo por ele. O que antes poderia ter sido um encontro de família, mesmo que distante, agora parecia um encontro com um predador que brincava com suas emoções. Enquanto sua jornada à Atenas se desenrolava, uma latejante dor de cabeça começou a se formar, agravando ainda mais seu desconforto. Ela teria evitado pisar naquela cidade se não fosse por algo absolutamente crucial, algo que ultrapassava qualquer ressentimento ou aversão que sentisse.
Era uma situação da qual não podia mais fugir, não importava o quanto estivesse relutante. E só fazia isso pela mãe, ainda que ela não fizesse ideia de que estava ali. Seus olhos percorreram o escritório luxuoso e espaçoso, uma representação palpável do exagero e ostentação que definiam o tio. Aquele homem vivia mergulhado no luxo desde o momento em que viera ao mundo, e parecia satisfeito em deixar isso claro para qualquer pessoa que cruzasse seu caminho.
A casa, ou melhor, a mansão, refletia sua atitude arrogante, como um símbolo de sua posição de poder. Ele era alguém que desfrutava das próprias extravagâncias e se deleitava em subestimar os outros, como se a humilhação alheia fosse sua fonte de entretenimento. Nathaly sentiu os nós dos dedos ficarem vermelhos à medida que apertava as mãos, o esforço físico tentando conter a mistura de emoções que a dominava. Ela estava ali por um único motivo: encontrar uma solução para ajudar sua mãe. Era uma escolha que não fizera de ânimo leve, mas a última opção que restava.
O sorriso descarado que Yago lançou em sua direção a encheu de repulsa. Enquanto ela trabalhava em três empregos para sustentar a si mesma e sua mãe, ele vivia uma vida de excessos em sua propriedade luxuosa, gastando como se não houvesse amanhã. O contraste entre suas realidades era dolorosamente evidente e o fato de que ele não tinha remorso algum em mostrar seu estilo de vida desenfreado apenas intensificava sua indignação por aquele que era seu tio. Uma chama de ressentimento começou a se transformar em algo mais forte, em um ódio que não era comum em sua vida.
Ela não podia se dar ao luxo de gastar tempo com sentimentos negativos, mas era quase impossível não sentir a fúria crescente diante da arrogância e egoísmo de seu tio. Tinha aprendido a ser resiliente, a seguir em frente apesar das adversidades, mas agora estava diante de alguém que representava tudo o que ela desprezava, tudo o que lutara para superar. No entanto, ela não podia deixar que esse ódio a desviasse de seu objetivo, do que estava em jogo para ela e sua mãe.
Desde sua infância, a vida de Nathaly fora pautada pelo afastamento e desvios, uma tentativa constante de evitar as sombras que pairavam sobre sua família. Ela sempre intuiu que Yago Demetriou era uma figura maligna, alimentando essa percepção através das palavras lacônicas e carregadas de sua mãe. Mesmo que sua mãe não mencionasse muito sobre a família do pai, ela deixava claro em cada sussurro para se manter longe dele, para não se aproximar. A verdade sobre o tio era um mistério emaranhado, uma névoa de suspeita que não se dissipava. Nathaly entendia que precisava ser astuta e habilidosa para lidar com o tio. Toda a dívida acumulada para chegar até Atenas não podia ser desperdiçada.
Perder essa oportunidade não era uma opção. Sua boca estava seca, mas ela engoliu o desconforto, focando em sua resolução. Ela sabia que não podia simplesmente se afastar, apesar de todo seu instinto gritar para fazê-lo. Ela precisava perseverar, dar continuidade ao plano que havia traçado. Ela fez uma pausa, respirando profundamente, buscando silenciar o tremor nervoso que a acometia.
Era difícil enfrentar Yago, um homem que exalava repugnância em cada olhar e palavra. No entanto, ela tinha uma meta clara em mente, um objetivo que a impulsionava além de suas emoções. Ele era repulsivo, egoísta, desprezível, mas ele também representava sua única tábua de salvação. Ela estava ciente de que teria que engolir seu orgulho, suportar humilhações e submissões temporárias. Aquela era a amarga pílula que precisava engolir para salvar sua mãe. O fim justificava os meios, mesmo que isso significasse suportar o veneno da presença de Yago. Ele era o último elo familiar que restava, mesmo que fosse um elo frágil e corroído.