Noiva Comprada pelo CEO

Titulo do capítulo: Capítulo 1 - parte 2

Autor: Ninha Cardoso



Parte 2...

— Eu não tive filhos e provavelmente nunca os terei - bateu na mesa, fazendo com que ela recuasse — Você não serve para continuar o nome de nossa

família.

“Ele sabia. Mas como?”

— E por que não teve filhos?  perguntou receosa.

— Isso não é de sua conta, garota idiota.

Não iria revelar que ele tivera câncer quando muito jovem e o tratamento o havia deixado estéril. Esse segredo morreria junto com ele. Ninguém sabia disso

a não ser os médicos que o trataram na época. 
Seria ruim para os negócios. Investidores sabem que um império pode ruir a qualquer momento, basta não haver um herdeiro para levar adiante os negócios. Se alguém tivesse descoberto isso, ele não chegaria onde chegou.

Muitos negócios são feitos com base em sua hereditariedade, que vai seguindo pela família. Se não existe ninguém para dar continuidade, é

muito difícil que queiram investir.

— Agora que você veio parar onde quero, tenho a chance de estragar a vida dos Megalo como fizeram com a minha  disse raivoso.

Yago agiu com brusquidão, pegando uma pasta de dentro de uma gaveta e arremessando-a em seu colo com um gesto desrespeitoso. Nathaly sentiu o impacto das páginas em suas mãos, vendo-as resvalar e cair no chão. Com uma mistura de curiosidade e apreensão, ela reuniu as folhas e começou a ler, sua expressão rapidamente revelando que algo estava terrivelmente errado.

Era como se o tio tivesse esquadrinhado cada aspecto de sua vida. As palavras impressas nas páginas pareciam uma intrusão, uma invasão em sua privacidade e sua mente. Era um retrato detalhado de sua história, suas conexões, suas experiências. Cada palavra era uma confirmação de que ela estava sendo observada,


investigada e a sensação de vulnerabilidade a envolveu como uma névoa fria.

Ela não podia acreditar na invasão à sua privacidade que estava diante dela.

— O que... O que é tudo isso?

Ela conseguiu perguntar, sua voz quase sussurrando enquanto o choque se misturava com indignação.

Yago soltou uma risada, mas não era um riso de alegria. Era um riso que exalava o mesmo ar de desdém que ele frequentemente demonstrava.

— Você finalmente percebeu, Nathaly. Um pouco tarde, talvez.

Ela o encarou, seus olhos buscando respostas, mas o homem à sua frente estava mais interessado em seu cigarro do que em lhe dar explicações. Sentiu um frio estranho subir de suas mãos até sua nuca.

— Sabe de minha condição?

Ela perguntou sem desviar o olhar da fumaça que se dissipava. Ele assentiu com frieza no olhar e um sorriso que não era agradável.

— É claro que sei. Tenho que estar informado sobre o que me interessa - ele respondeu, sua voz contendo um toque gélido de ironia — Não que você

seja interessante para mim, mas é bom estar por dentro das coisas, caso necessite.

A maneira como ele a encarava enviava arrepios por sua espinha. Era um olhar penetrante, cheio de intenções ocultas e ameaças veladas. Puxou uma tragada forte

do cigarro. 
 Ela sentia o peso de suas palavras, como se estivessem em um jogo de xadrez, cada movimento calculado e estratégico. Ainda segurando as páginas, ela se esforçou para manter o foco, para não deixar que seu medo transparecesse.

Enquanto ele puxava mais uma longa tragada de seu cigarro, o silêncio pairava no ar, espesso e carregado. Não parava de encará-la fixamente. Nathaly podia sentir a tensão aumentando, como se estivesse prestes a adentrar um território perigoso. Ela tinha consciência de que não estava apenas enfrentando o tio malicioso, mas também uma teia de segredos e jogos manipulativos que poderiam selar seu destino antes mesmo de começar.

Mas, no calor daquele momento, ela também sentiu uma faísca de coragem, uma chama alimentada pelo amor e pelo respeito que ela tinha por sua mãe. Ela manteve

o olhar fixo, desafiando Yago e tudo o que ele representava.

"Assim como desprezo aquela família, desprezo você também"

Apesar de ter entrado na mansão movida por confiança e esperança, agora Nathaly sentia um desconforto crescente. As paredes majestosas que havia atravessado pareciam pressionar sobre ela, e a presença do homem à sua frente era quase palpável em sua intensidade. O que a havia impulsionado a estar ali agora parecia vacilar diante da incerteza do que esse homem, que era seu tio apenas no nome, poderia querer. As dúvidas surgiam como ondas, fazendo-a questionar a sabedoria de sua decisão.



A descoberta da pasta repleta de informações pessoais a atingiu como um soco no estômago. A mera ideia de que esse homem, que ela mal conhecia, havia vasculhado sua vida com tamanha minúcia, perturbava sua noção de privacidade. As folhas pareciam ser uma invasão e encontrar ali detalhes tão íntimos, como sua dificuldade em ser mãe, deixava-a vulnerável e exposta. Era um segredo que ela mantinha guardado, uma dor que ela preferia carregar sozinha, não algo que estivesse disponível para curiosos e manipuladores. Cada palavra impressa parecia pesar sobre ela, como um julgamento silencioso que ela não merecia.



Ela ressentia a ideia de ser alvo de pena, de ter sua história explorada, sua fragilidade exposta. O infortúnio que havia sofrido era seu fardo pessoal, e compartilhá-lo

com outros não traria alívio, apenas mais dor. 
Ela sabia, assim como sua madrinha lhe dissera, que cada pessoa carregava suas próprias batalhas internas e não havia necessidade de se exibir as próprias cicatrizes para receber compreensão ou simpatia.


O olhar satisfeito nos olhos de Yago a deixava ainda mais desconfortável. Parecia haver uma satisfação mórbida em seu interesse por seu infortúnio.



— Eu esperei tempo demais, mas agora tenho certeza de que terei sucesso.



As palavras que ele proferiu, com voz fria e penetrante, ecoaram em sua mente, reforçando a sensação de que ela estava lidando com um predador emocional, alguém

que se alimentava da fragilidade alheia. 
No entanto, ela estava decidida a manter sua postura. Ela se recompôs, forjando uma voz firme apesar do nó que se formava em sua garganta.



— Se está informado sobre minha situação - ela afirmou com uma determinação que mascarava a angústia que sentia — Sabe que não vim aqui apenas para uma visita familiar... Minha mãe precisa de tratamento e a cada dia que passa, o tempo se torna mais precioso. É por isso que estou aqui. Para encontrar uma solução, não

importa o que isso signifique.



 

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